Design Thinking em grandes organizações

Ao conciliar aspectos técnicos, financeiros e emocionais, metodologias usadas no Design passam a ser valorizadas como estratégicas por grandes empresas

 

Já muito falado no mundo dos negócios, o Design Thinking, ou a forma de pensar do designer incorporada à estratégia de negócios, vem sendo valorizada por ter como objetivo a solução de problemas orientada para a inovação. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com gestores de Design Thinking ao redor do mundo – alguns brasileiros – mostrou que cerca de 80% deles percebeu que as empresas geraram soluções mais criativas e mais ágeis quando passaram a usar o método. O mesmo estudo mostrou também as vantagens nos resultados financeiros: mais de 70% dos gestores entrevistados pela pesquisa perceberam melhora nas finanças das empresas.

O uso da mentalidade do Design aplicada à estratégia de negócios começou a ser discutido globalmente em 2006, durante o Fórum Econômico Mundial, e passou a ser reconhecido como valor especialmente durante a crise financeira de 2008 – quando o modelo econômico rígido adotado até então começou a parecer insustentável em um mundo global e complexo. Google e Apple passaram a ser referências de empresas altamente lucrativas e inovadoras que administram seus negócios com designers e a cultura do design passou a ser incorporada no corpo diretivo de grandes organizações.

No Brasil, o termo parece ganhar força maior agora, frente à contínua desaceleração da economia que coloca os empresários na posição de repensar muitos de seus processos. Muitas das principais escolas de negócios do país lançaram seus cursos de Design Thinking em 2014 e a busca por serviços de consultoria e treinamentos para a educação corporativa aumentou consideravelmente. Para a especialista em Design Thinking e uma das precursoras do método no Brasil, Denise Eler, a crise financeira de 2008 levou as escolas de negócios a reconhecerem que o pensamento industrial deixou de produzir resultados esperados. “Tomar decisões baseando-se em dados puramente quantitativos e tendências de mercado tem se tornado uma prática cada vez mais perigosa à medida que os cenários mudam antes mesmo de serem compreendidos”, avalia.

Segundo ela, a empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro e das suas interações com o ambiente, e a prototipação, que é produzir uma versão física de um produto antes dele ser fabricado, são alguns dos passos desse processo que tem como ideal unir os dois lados do cérebro para pensar: ora de forma analítica, ora de forma sintética. Isso significa, portanto, colocar como prioridade o resultado para o consumidor final, sem perder a viabilidade operacional e o retorno financeiro de cada ação.

Nesse contexto, a cultura de trabalho focada exclusivamente em desempenho e resultado passa a ser revista por restringir a capacidade dos colaboradores de experimentar caminhos diferentes e, principalmente, de errar – o que, segundo a especialista, é um dos principais aprendizados a serem valorizados por empresas que buscam adotar o Design Thinking como ferramenta estratégica.  Isso porque um bom desempenho deixou de ser suficiente para resolver problemas tão variáveis e complexos – sejam dos produtos ou dos clientes.

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